TESTAMENTO de FRANCISCA MARIA ESPERANÇA DE MENDONÇA.

Arquivado no Museu Regional de São João del-Rei na caixa  84

Número de folhas originais : 154

Testamenteiro : Capitão CARLOS EUGÊNIO DE SOUZA FERRAZ e FRANCISCO DIONÍZIO FORTES BUSTAMENTE.

Testamento Redigido : São João del Rei em 11 de setembro de 1818

Data de abertura : 09/ABR/1834

Transcrito por : Flávio Marcos dos Passos a pedido de Luis Antônio Villas Bôas.

Data da Transcrição :  MAIO/2003

Objetivo: Dados Genealógicos.

FL. 03V

...registro do testamento de Dona FRANCISCA MARIA ESPERANÇA DE MENDONÇA viúva do Doutor FRANCISCO VIEIRA DE SOUZA FERRAZ cuja testadora faleceu nesta Vila a 30 de Maio de 1830 e deixou para testamenteiro o Capitão da Guarda de Honra JOSÉ PEDRO VIEIRA FERRAZ morador em Rezende deixando para as contas o tempo de 4 anos findos em 30 de Maio de 1834 ...
... Jesus, Maria, José. Eu Dona FRANCISCA MARIA ESPERANÇA DE MENDONÇA estando em meu juízo faço meu testamento na forma seguinte : Sou natural da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Aiuruoca, filha legítima do capitão BERNARDO GONÇALVES CHAVES e de FRANCISCA MARIA DE MENDONÇA, já falecidos, fui casada com o Doutor FRANCISCO VIEIRA DE SOUZA FERRAZ falecido há muitos anos e deste matrimônio tive vários filhos doa quais ainda são vivos : CARLOS EUGÊNIO, ANTÔNIO CARLOS, JOSÉ PEDRO, BERNARDO JOSÉ, aos quais instituo (FL. 04) herdeiros nas duas partes dos meus bens. Meu corpo será sepultado na Capela da minha Venerável Ordem Terceira de São Francisco desta Vila e todo o funeral deixo a eleição de meus testamenteiros que instituo os três primeiros filhos já nomeados CARLOS EUGÊNIO, ANTONIO CARLOS e JOSÉ PEDRO fazendo todos unanimente um só corpo e falecendo algum ficará os outros com a mesma união sem que nisso se possa entrometer ou Juízo de Ausentes e os hei por abonados para receberem meus bens, fazer inventário e dispor deles como for de razão e de Justiça e os constituo meus procuradores e benfeitores e lhes deixo de prêmio a vintena que por direito lhe compete. Por minha alma se dirão duzentas missas, pela alma de meu marido cinquenta, pela de mesi pais cinquenta, pela de meus falecidos filhos trinta e pela de meus escravos também falecidos trinta. Por falecimento do dito meu marido ficou onerada a casa com dívidas as quais paguei e anida estou pagando a fiança do Capitão JOAQUIM PEDRO CALDAS na Real Fazenda e porque nada a este respeito se declarou no Inventário a tocar de legítima materna, digo, de legítima paterna a cada um de meus filhos a quantia de trezentos e vinte e tres mil cento e trinta réis. Meu filho CARLOS EUGÊNIO (FL. 04V) recebeu de mim Lino, crioulo em preço de duzentos mil réis e por esta mesma quantia vendeu ele o dito crioulo a meu Irmão seu tio o Padre INÁCIO GONÇALVES DE MENDONÇA de presente falecido. Recebeu mais um macho castanho novo em vinte e cinco mil réis, um cavalo castanho em dezesseis mil réis, um selim com estribos de ferros - xareis quati - tudo novo, nove mil setecentos e cinquenta réis, duas colheres e dois garfos de prata que pesaram oitenta e quatro oitavas por sete mil e quatrocentos réis, em fazenda seca que por duas vezes lhe mandei dar na loja do Capitão JOÃO BATISTA MACHADO trinta e seis mil e setenta e cinco réis = tudo consta dos meus assentos, tudo soma duzentos e noventa e quatro mil quinhentos e vinte e cinco réis. Venho adverti-lhe ainda para saldo total da sua legítima paterna vinte e oito mil quinhentos e oitenta e oito réis e nada mais. Meu filho ANTÔNIO CARLOS recebeu de mim o crioulo Antônio Pedro de vinte anos no valor de cento e cinquenta mil réis. Nicolau crioulo de quinze anos em cento e vinte (FL. 05) mil réis. Em ouro quarenta e uma oitavas que são quarenta e nove mil e duzentos réis. Em barra quarenta e quatro mil, setecentos e vinte e um réis. Em fazenda seca que lhe mandei dar, vinte e quatro mil réis que tudo soma trezentos e noventa e sete mil réis vindo a dever de excesso a legítima paterna setenta e quatro mil oitocentos e onze réis que deve repor e tudo consta dos recibos que conservo e meu poder e porque ficou ele de dar a seu irmão BERNARDO JOSÉ setenta e três mil cento e treze réis pela importância do resto líquido que lhe estou a dever de sua legítima e cumprindo assim ver a restar um mil seiscentos e noventa e oito réis. Meu filho BERNARDO JOSÉ recebeu de mim o crioulo Atanásio que lhe tocou na partilha Paterna em cneto e cinquenta mil réis e depois trocou este crioulo comigo por Felipe Mina que levou e ainda não entregou aquele crioulo Atanásio que lhe tocou na partilha Paterna. Recebeu mai Rosa crioula em cem mil réis e na mão de seu irmão ANTÔNIO CARLOS sessenta e quatro mil oitocentos e sete réis, ficando preenchido da sua legítima (FL. 05V) e deve entregar aquele dito crioulo Atanásio e mais Lino mulatinho que lhe dei por empréstimo para o servir tendo de idade nove anos. Este meu filho BERNARDO está mais devendo que lhe emprestei depois que foi escurado do Real Serviço em que estava empregado no Regimento de Linha desta capital para pagar suas dívidas a quantia de sessenta e quatro mil réis. Meu filho JOSÉ PEDRO recebeu de mim Feliciano crioulo de vinte anos em preço de duzentos mil réis, Manoel Benedito crioulo de trinta e dois anos em cento e cinquenta mil réis. Mais trinta e quatro bois em cento e trinta mil réis e no que por ele paguei ao capitão CARLOS JOSÉ RIBEIRO cem mil réis e tudo soma quinhentos e oitenta mil réis e consta dos seus recibos vinda a dever de excesso de sua legítima Paterna duzentos e setenta e quatro mil, oitocentos e oitenta e set réis e mais deve além disso cem mil réis que por ele paguei ao Capitão MANOEL LOBO DE CASTRO ao presente falecido, sendo o débito deste meu filho liquidante até o presente (FL. 06) trezentos e setenta e quatro mil, oitocentos e oitenta e sete réis. Inácio pardo e Sandro crioulo são forros, libertos e livres de toda a Escravidão se ainda me fizerem companhia é porque querem e são agradecidos. Deixo a Imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo para o Altar da Casa da Misericórdia. Deixo de esmola a Dona TERESA viúva do meu primo ALEIXO vinte mil réis. E outra tanta quantia a cada uma de suas filhas Dona MARIA TEODORA, A Dona ANA JOAQUINA cujas esmolas se não retardarão por serem muito pobres. Deixo para minha afilhada FRANCISCA, filha de MARIANA ROSA DE VITERBO quarenta mil réis. Deixo para ajuda das obras da minha Venerável Ordem Terceira de São Francisco desta Vila vinte mil réis. Outros vinte mil réis para ajuda das obras da Igreja de Nossa Senhora do Monte do carmo desta Vila. Satisfeita a despesa do meu funeral e quanto ek dever e cumpridas minhas disposições o rstante da minha terça se dará de esmola aos pobres de meia pataca de ouro que são trezentos réis a cada um. Deixo a meus testamenteiros (FL. 06V) o tempo de quatro anos para darem contas em juízo e sendo-lhes preciso mais requererão o Juiz da mesma. Nesta forma dei por feito o meu testamento e rogo as justiças de Sua Magestade o façam cumprir por não encontrar as Leis do Real Senhor escrito a meis rogo pelo Ajudante JOSÉ FERREIRA MAIA e depois o li e achei conforme o ditei me assino. Vila de São João del-Rei, 11 de Setembro de 1818. FRANCISCA MARIA ESPERANÇA. Este escrevi a rogo, JOSÉ FERREIRA MAIA.

OBSERVAÇÕES :